Teilhard de Chardin em seu livro: Mundo, Homem e Deus, identifica três tipos de Homem;
– os fatigados (ou os pessimistas), que tem em relação a vida e os questionamentos acerca do homem uma postura negativa, derrotista, onde a existência é um erro ou um malogro. Não buscam respostas, ignoram o desenvolvimento.
– os boas-vidas (ou os desfrutadores), para eles vale mais ser do que não ser, porém não no sentido do agir, mas no sentido de saciar-se do instante presente. Não se arriscam em relação ao futuro. Vivem o presente e buscam a felicidade no prazer imediato.
– e os entusiastas, “para quem viver é uma ascensão e uma descoberta”. Para esses o importante é vir a ser mais. São “apaixonados conquistadores de aventuras, o ser é inesgotável… como um foco de calor e de luz de que é possível acercar-se sempre mais”,…, ” foram eles que nos fizeram, e é deles que se prepara para sair a Terra de amanhã”.
Os primeiros acreditam na felicidade de tranquilidade, sem aborrecimentos, sem riscos, sem esforços. “O homem feliz é aquele que menos pensa, sente e deseja”.
Os segundos buscam a felicidade de prazer, imóvel ou renovado constantemente cuja finalidade da vida não é o agir, mas aproveitar. “O homem feliz é aquele que sabe saborear plenamente o instante que detém entre as mãos”.
Os terceiros enfim buscam a felicidade de crescimento, sendo que esta não é algo que exista ou valha por si mesma, como um objeto, ela é “o sinal, o efeito e como que recompensa da ação convenientemente dirigida”,…,”Nenhuma mudança beatifica, a menos que opere em ascensão”. Isso é verdadeiramente lindo!
A questão é: com qual me identifico? Qual o chamado do meu daimon? O sentido teleológico da minha vida se identifica com qual dos três? Jung diz que o Mito do Significado de cada um é viver seu Processo de Individuação, tornar-se único, inteiro, dessemelhante numa sociedade que o quer igual, massa, parte de uma manada passível de ser manipulada.
Os fatigados irão se acomodar, reclamando, sofrendo, mas inertes. Os boas vidas tentarão tirar proveito de qualquer maneira, procurarão as brechas possíveis para ganhar mais fazendo menos, como os corruptos. Mas os entusiastas procurarão fazer a diferença.
Buscarão cumprir seu dharma. Sua lei interna, seu destino. Aqueles mais identificados buscarão o dharma coletivo, a lei para todos, o cumprimento não apenas do seu Self mas do Self Cósmico. São os indivíduos especiais, que fazem a diferença no mundo, que deixam seu registro, sua marca, sua ação opera por longo tempo e transforma o futuro.
Os entusiastas atentam à sincronicidade. Reconhecem que eventos de coincidência significativa devem ser levados em consideração. Que emanam de profundezas do inconsciente por motivos muitas vezes além da possibilidade de compreensão, mas nem por isso devem ser desconsiderados, ao contrário. A unilateralidade da consciência, com sua racionalidade, muitas vezes, nos impede de ver o óbvio, assim o Self usa os recursos disponíveis para tirar-nos da zona de conforto e impulsionar-nos rumo ao novo, a um chamado nem sempre compreensível, porém apaixonante. O entusiasta segue a intuição com muito mais segurança porque crê no futuro.
Aliás essa é uma característica nata dos intuitivos, a percepção do futuro. O entusiasta não fica preso ao passado, ele aspira ao novo, ele cria o novo, ele cria o futuro. Ele é o anunciador das boas novas, é o indivíduo que convive com a perspectiva de dias melhores, porque ele os faz, enquanto os fatigados reclamarão sempre esperando que alguém transforme a sociedade por eles, e os boas vidas irão buscar corromper e usufruir sem contribuir.
Pense nisso. O processo de autoconhecimento sempre nos ajuda ao crescimento, tira-nos da zona de conforto, pode ser doloroso a princípio, mas depois é recompensador porque nos permite olhar para a frente com orgulho de nós mesmos.