Jovens e inocentes, partilhamos uma formação procurando as brechas das oportunidades. A categoria era socialmente diferenciada. O trabalho com muita responsabilidade. Não percebíamos como sutilmente o tempo foi se escoando e nossas vidas mudando. As notícias vinham como a falar dessa experiência da impermanência das coisas. E o que é o tempo senão uma ilusão para esclarecer o processo natural da biologia. Ou talvez estejamos falando daquele “naquele tempo”, o tempo, um tempo que já se foi mas que não sai daquele lugar dentro da gente, como uma fábrica incansável de saudades.
Entre os anos 40 e os anos 50 aparecemos no mundo. Nos encontramos nessa caminhada em busca de uma identidade social e nasceu a turma de 74. Um organismo que foi perdendo com muita dor cada peça que lhe compunha. Os jovens brincalhões ou depressivos eram parte desse corpo que vem envelhecendo e certamente ciente que um dia perderá sua última peça dessa bricolagem que organizou a turma de 74.
Não desejo ser a última peça, sei que nossas histórias um dia será contada com as modificações que as emoções permitem. Numa verdadeira licença poética para narrar da forma mais bonita os fatos que a memória não se preocuparia mais com o que se pensa ser a realidade contada. E todos nós, não se sabe de que forma ou se não tem forma. É tudo impreciso, mas não é preciso ser preciso, pois viver não é preciso.
Somos viajantes com um destino a cumprir e, muita vez nos distanciamos desse caminho. A necessidade de amar, especialmente a nós mesmos é a direção de amar o outro. O mundo acabará para cada um de nós e estaremos mergulhados nos mistérios que a consciência humana não alcança.