Estamos vivendo uma época de estranha apatia! Parece que a raça humana está paralisada frente às barbáries violentas que este modelo capitalista/consumista está fazendo com o planeta. No Brasil, atualmente a apatia é ainda maior, porque estamos nas mãos de governantes e políticos espúrios, sem caráter, corruptos e ocupados única e exclusivamente com a manutenção das suas garantias de poder e patrimônio, destruindo o pouco de dignidade e benefícios sociais que tínhamos. Isso nos faz refletir a respeito deste momento histórico. Será que a raça humana “jogou a toalha” aceitando um fim catastrófico tanto nas questões ambientais quanto nas sociais, com mais exclusão e violência?
C. G. Jung, nos permite a compreensão de que a agressividade é simultaneamente um instinto, do ponto de vista biológico, e um arquétipo, diante das questões da alma. Na realidade, sem a agressividade dirigida, toda expressão de vida fica ameaçada. Ela está presente em toda vitalidade
e é necessária no dia a dia das pessoas. Sem agressividade não levantamos da cama, não fazemos sexo, não trabalhamos, não conquistamos nossos ideais, entre outras atividades, ameaçando nossa biosobrevivência. Porém, parece que houve um processo de “demonização” para essa capacidade humana e a consequência disso é esta realidade apática que estamos vivenciando. Entretanto, na psicologia analítica de Jung, somos estimulados a lidar com as polaridades e, neste caso, o contraponto da apatia é a violência. Porque trabalhamos com a dinâmica compensatória entre o consciente e o inconsciente. Quando uma está na luz a outra fica na sombra.
Com isso, toda agressividade reprimida, ou mal dirigida, pode virar patológica, na forma de violência externa, com atos delinquenciais, como está sendo a atitude da maioria dos nossos políticos, e de muitos cidadãos, que diante das iniquidades e total exclusão social, partem para a violência e até o crime, muitas vezes identificados com os delinquentes do colarinho branco! Por outro lado, quando a violência não é exteriorizada, ela tende a virar sintomas de adoecimento, produzindo câncer, infarto e uma infinidade de doenças. Por isso, podemos afirmar que a violência ou a apatia são polaridades, na forma de excrescências da exacerbação da agressividade mal utilizada para a evolução humana, associada aos conteúdos sombrios e complexos patológicos.
Quando a violência é manifestada para fora, surge o movimento de apatia para dentro, inviabilizando inclusive o autoconhecimento. De forma inversa, quando a apatia é manifesta para fora, como está acontecendo atualmente, na falta de atitude do povo brasileiro diante dessa corja de corruptos que domina o país, temos a violência voltada para dentro, produzindo sintomas de adoecimento ou de relacionamento, como podemos constatar nas relações truculentas, radicais e polarizadas nas mídias sociais, conflitos interpessoais até no amago das famílias, com falta de tolerância, geralmente em defesa cega de algum lado da corrupção.
Porém, pontualmente, diante da atual realidade brasileira, temos uma outra razão para a apatia, que é a falta de perspectiva. Ninguém se sente minimamente representado e também não conseguimos vislumbrar nenhuma liderança que possa produzir um alento. Só vemos bandidos corruptos brigando entre si! Acredito e espero que essa situação chegue numa condição de exaustação, onde a apatia social possa ser transformada num movimento revolucionário, quando o povo, sabiamente, decida por não reeleger nenhum político, independente do partido, assim todos esses bandidos possam ir para a justiça comum, e os novos eleitos possam fazer a reforma política acabando com o voto obrigatório, fazendo o casamento da data de todas as eleições a cada quatro anos, para evitar essa bandalheira de conchavos partidários a cada dois anos, e que não exista mais nenhum tipo de financiamento de campanha e que cada político tenha fidelidade com seu construto ideológico e partidário e, caso isso seja descumprido, que ele perca o mandado por traição!
Vibro minhas energias para que esse sonho utópico possa se concretizar e torço para que todo cidadão brasileiro e do planeta reflita a respeito disso, porque a doença somos nós e está cada vez mais presente na nossa realidade! Mas como, na concepção da psicossomática junguiana, todo sintoma é uma expressão simbólica que, de forma violenta, viola e revela possibilidades de cura ou destruição, acredito que por conta desta crise eminente surja a revelação do nosso potencial amoroso e criativo, servindo para nos salvar tanto destes malditos políticos quanto das consequências dos crimes ambientais, autorizadas e até incentivadas por eles, visando única e exclusivamente os interesses das grandes potências econômicas, que não são países, mas grupos de acionistas espalhados pelo mundo, sem nenhuma ética e espiritualidade, agindo predatoriamente para a manutenção do poder e, consequentemente, negação do amor!
Ou seja, precisamos aprender a integrar Ares com Afrodite, o deus da guerra com a deusa do amor, para conquistarmos a harmonia, que é dinâmica e assertiva, por fazer a consonância dos dissonantes, usando a agressividade para a evolução criativa e amorosa.
WALDEMAR MAGALDI FILHO. Psicólogo, especialista em Psicologia
Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da
Religião. Autor do livro: "Dinheiro, Saúde e Sagrado", Ed. Eleva Cultural,
coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana,
Psicossomática, Arteterapia e Expressões Criativas do IJEP
(www.ijep.com.br), oferecidos em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.