Feliz 2022. Uma mensagem do IJBA para você

Mais um ano se passou. E nós, do IJBA, estamos juntos, professores, alunos e funcionários, unidos de mãos dadas na busca por um mundo melhor.

Para Jung, “…as gigantescas catástrofes que nos ameaçam não são, de modo algum, acontecimentos elementares de natureza física ou biológica, mas acontecimentos psíquicos. As guerras e revoluções que nos ameaçam com tanta violência nada mais são do que epidemias psíquicas”.

E aqui estamos nós, nesse “Espírito do tempo”, vivendo a individuação na pele e conseguindo ATRAVESSAR a pandemia, reféns de um vírus invisível que, atuando sobre a sociedade opulenta, busca ajudar na reflexão dos seus valores. Como o herói mítico Perseu, precisamos do escudo da reflexão para vencer o monstro terrível da medusa do coronavírus.

Nesse ano que está findando sofremos, mas aprendemos mais a trabalhar com a alma. Nos aventuramos a continuar os nossos cursos online, utilizando a tecnologia a nosso favor contando com a ajuda de Hermes, o deus sonso e ladrão, que fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons, parafraseando Chico Buarque e Edu Lobo. Aprendemos a atender clientes online, concluir as monografias e dar seguimento a nossos trabalhos, de forma criativa, recebendo a imaginação, imaginando com ela e tudo aquilo de desmontar, descobrir, fantasiar, expor, pressionar, como nos diz James Hillman.

Juntos e abraçados, pudemos perceber que só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar. Aprendemos que mesmo com o espírito do tempo turbulento e caótico podemos criar e receber o nosso chamado, deixando a semente que temos dentro do nosso coração virar árvore. Pudemos viver os paradoxos do isolamento e conexão. Ficamos angustiados, sim, mas perturbados conseguimos formar as pérolas criativas dentro de nós.

O IJBA em 2022 espera poder continuar cumprindo a sua missão, de nos levar cada vez mais para dentro de nós mesmos. Só assim poderemos nos dedicar à arte de ajudar os outros a sustentarem os sofrimentos da vida. Despertar o arquétipo do curador ferido em nós implica em compreendermos que no processo de individuação é necessário ser abandonado, para o desenvolvimento de nossa personalidade enquanto heróis de nossas vidas. É o caminho para a cura. A dor não desaparece, mas a compreensão dela nos faz transcendê-la transformando o sofrimento em compaixão.

Como nos diz Jung no livro vermelho:  “Existe uma obra necessária, mas escondida e peculiar, uma obra-prima, que tu precisas realizar em segredo…e antes que não tenha realizado esta, não pode chegar às suas obras exteriores. Não olheis demais para frente, mas para trás e para dentro. No mundo interior não existe uma explicação do caminho, tampouco quanto podes explicar no mundo exterior o caminho do mar. Eu aceitei o caos, e na noite seguinte minha alma veio a mim”.

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Ermelinda Ganem F. São Paulo – Médica, analista junguiana, doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Coordena o curso de pós- graduação em Processo Criativo e Facilitação de grupos – abordagem junguiana no IJBA